segunda-feira, 28 de março de 2011

Éter

No meio de “Será(s) e Porquê(s)” acabei me perdendo.
Não sabendo por onde caminhar
Caminhei por arranha-céus, pelo sétimo céu
Por cordas bambas, nas pontas do pé
Não coloquei os pés no chão.

Quase perdendo a razão
Sempre por um triz
Pintei meu caminho
Embriagada com as cores da vida
Pensei estar decorando o mundo...

Mas quando vi a chuva começar...
O que foi feito para consolar.
Borrou-se com as gotas de água, que despencaram do céu.
Quando vi o estrago, segurei o choro
Que se fez veneno dentro de mim
E como éter... escapou por entre meus poros.

Por isso...
No abraço de proteção e conforto.
Acabei por envenenar a todos os bem-quistos.
E com eles morri aos poucos.

Mas a chuva passou...
E da morte veio o mel
O cheiro de flor
As cores da vida
E as formas do amor

Tudo voltou a nascer
A tomar sol
E purificar.

Mas dos meus bem-quistos
Já não havia ninguém.

Danielle do Carmo

domingo, 27 de março de 2011

Pra que mentir?

"Pra que mentir
Fingir que perdoou" (Cazuza)

O que passou, passou.
Não podemos voltar no tempo e desatar o nó.
Desfazer o mal feito.

Ou derramar sangue das mãos
Torcendo o pano para retirar a mancha que não sai.

O jeito é tentar resgatar o que podemos.
Das cinzas ou do pó.
Ou até mesmo do coração.
Vários corações partidos por um simples bater de asas de borboletas...

Será que a vida é sempre assim?

Danielle do Carmo

domingo, 20 de março de 2011

Todo Dia

Todo dia algo se rompe.
Desfaz-se.
Degenera-se.
Uma flor esmorece.
Enquanto outras belas e frescas são dadas a uma jovem vivaz.
Enquanto a formosa ninfa Eco busca Narciso...
Este se encontra frente a um espelho emoldurado em ouro
Buscando os olhos do amor em seu reflexo.
Todo dia algo se reata
Refaz-se.
Regenera-se.

Danielle do Carmo

Um pedido a Deus usando as palavras de São Francisco de Assis.

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

(Oração de São Francisco de Assis)

sábado, 19 de março de 2011

Um Pequeno Desabafo (ou aforismo dramáticos e imaturos)

É fácil fugir de certas responsabilidades e jogá-las nas mão dos outros simplesmente dizendo "eu tenho minha vida". Pois é... eu também deveria ter uma, mas já me deram essa muito antes de eu ter capacidade de escolher. E agora que eu posso escolher... não posso mais. Porque todos têm sua própria vida e eu tenho a vida que a circunstância me presenteou. O que não deixa de ser uma eleição. Eu tenho uma escolha, a escolha de ficar por amor. Mesmo que isso me custe não ter a vida que eu sonhava ou planejava.
Pode deixar, eu fico por aqui.
E vocês que vão cuidar da vida de vocês.

Danielle do Carmo

O amor é falta ou plenitude?

O amor é falta ou plenitude?

“Roland Barthes já observava: o amor é um assunto mais obsceno, para nossos contemporâneos,do que o sexo. Mais incômodo. Mais íntimo. Mais diíficil de dizer, de mostrar, de pensar. Digamos que a sexualidade tornou-se uma espécie de regra, à qual não há como não se submeter. O amor seria antes uma exceção. A sexualidade faz parte de nossa saúde. O amor seria antes uma doença, em todo caso um distúrbio. A sexualidade é uma força. O amor seria antes uma fraqueza , uma fragilidade, uma ferida. A sexualidade é uma evidência; o amor,um problema ou um mistério. Pode-se duvidar, inclusive , de sua existência ou, no mínimo, de sua verdade: e se fosse apenas um sonho, uma ilusão,uma mentira? Se por toda parte existisse apenas o sexo e o egoísmo? Se o amor só existisse, como já sugerida La Rochefoucauld , na medida em que falássemos dele?

(…)Amar é poder desfrutar ou regozijar-se de algo ou de alguém. É portanto também poder sofrer, já que prazer e alegria dependem aqui, por definição, de um objeto exterior, que pode estar presente ou ausente, dar-se ou recusar-se… “Em relação a um objeto que não é amado, escreve Espinosa, nenhuma querela nascerá; não sentiremos tristeza se vier a perecer, nem ciúmes se cair em mãos de outro, nem temor, nem ódio, nem perturbação da alma…” Estamos longe disso, e basta dizer que o amor nos prende como a ele nos prendemos. Se nada amássemos, nem nós mesmos, nossa vida seria mais tranqüila do que é. Mas é que também já estaríamos mortos."

Autoria: André Comte-Sponville (Trecho)

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto,
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos."

(Ramón Sampedro In. Mar adentro - filme)

Uma carta para alguém depois de conselhos de Raul e Renato

Sim, eu sei que sou um animal sentimental e que me apego facilmente ao que desperta meu desejo. Não!! Não tente me obrigar a fazer o que eu não quero, pq vc vai ver logo o que acontece. Pois enquanto vc se esforça para ser um sujeito normal e fazer tudo igual.... eu fico aqui do meu lado aprendendo a ser louco.
Simplesmente não estou mais interessada no que eu sinto.
É claro que eu entendo o que vc quis me dizer, mas sempre existem outras coisas...
Você tem que entender que foi esse caminho que eu mesmo escolhi, e que é tão facil seguir, simplesmente por não ter onde ir. Mas não vou brigar por causa disso.
Não entendo! Antes eu sonhava, agora já não durmo talvez pq não acredito em nada além do que eu dúvido.
Mas não se preocupe, enquanto o caos segue em frente com toda calma do mundo...

Eu consigo meu equilibrio cortejando a insanidade.

Um grande beijo.

Dani

Autoria: Raul Seixas (Maluco Beleza), Renato Russo (Serreníssima) e um pouco de mim.

domingo, 6 de março de 2011

Mar Adentro

E quando pensei ter voltado à superfície, sentindo o ar penetrando meus pulmões e o calor do sol tocando meu rosto... Fui tragada pelas águas outra vez. E agora vejo a beleza e sinto a dor do mar adentro. E tento perceber cada tom, cada sensação e cada sentimento que existe dentro dessas águas azuis, calmas, claras e caladas. E assim aqui espero. Até que eu volte à superfície... ou o que me resta de oxigênio, volte ao sol sem mim. Assim me tirando, toda a capacidade de sentir.

Danielle do Carmo

sábado, 5 de março de 2011

Solidão

O pior dia não é aquele que vc está só.
E sim aquele em que vc se sente só.
E o pior: Não tem mais cigarros

Danielle do Carmo

quinta-feira, 3 de março de 2011

Uma conversa com Maysa e Rita

Meu mundo caiu e me fez ficar meio desligada. Eu nem sinto meus pés no chão, olho e não vejo nada...Mas se meu mundo caiu, não me leve á mal. Eu que aprenda a levantar.
(minha conclusão depois de uma conversa com Rita Lee "Ando meio desligado" e Maysa Matarazzo "Meu mundo caiu")