quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Conto nº 1

Um dia a máscara sisuda caiu e se quebrou.
E agora? O que fazer com esse novo rosto sorridente? Ele se perguntou tentando limpar a tinta que escorria da face devido ao calor do contato do sol com a pele.

- Escondam todos os sorrisos - o dono da rua ordenou.
E ele com a cara pintada em sorrisos... 
Por isso, tentou encontrar outra máscara sisuda por ai. Mas não havia nenhuma provisória disponível.

Foi até a loja de fantasia da rua, por lá sempre havia alguma máscara de ponta de estoque que serviria até ele conseguir outra máscara sisuda. Afinal... pra conseguir uma nova máscara descente, tinha que entrar com a papelada e, se tudo desse certo sairia em semana e talvez em meses. 
E até lá não poderia sair por ai, com tantos sorrisos no rosto, pois além de ilegal poderia ser perigoso.

Entrou na loja de fantasias, não haviam mais máscaras sisudas. A moça do balcão disse que todas tinham sido vendidas depois do Carnaval. 
Já quase em pânico, lembrou que a meia máscara era permitida, desde de que os sorrisos fossem dissimulados. 

Entrou na cabine de disfarces e colocou a meia máscara (daquelas que só escondem os olhos). Porém, o largo sorriso no rosto ainda prevalecia. Então, buscou maquiagem de palhaço e desenhou com o lápis preto um largo sorriso invertido. :( 

Saiu aliviado da loja de fantasias. Agora poderia continuar a caminhar sem o risco de ser condenado a chorar. A meia máscara ainda não era a ideal, pois teria que fazer muita força para não sorrir mostrando os dentes. 

Mas ao menos... ainda poderia sorrir com os olhos.



Danielle do Carmo