sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sempre há tempo

Uma outra paisagem toma meu pensamento
O que me era familiar se perdeu com meus sentimentos

Minha terra
Meu lugar
Agora estão no ar.

Não sei se fico por aqui ou se fujo por acolá

Se perdi minha raiz
Ganhei asas.
Feliz por poder voar 

Mas minhas asas foram quebradas
Enroladas
Enfaixadas
Desgastadas

Há dias que me escapo com o vento
Mas volto do firmamento
Sempre a tempo.
Sempre há tempo.

Danielle do Carmo

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Going to California...

O amor não deveria ser a corda que arrebenta de um dos lados
Tampoco creio que é algo equilibrado.
A questão é que se somos equilibristas na vida
O amor deveria ser o colchão que nos apara na queda do desequilibrio

Quando dancei na ponta dos pés
Quando toquei perfeitamente uma canção no violão
Quando chorei discretamente naquele vagão.
Quando eu vi o barco partir.

Voltei pra Califórnia procurando alguém com flores nos cabelos e amor no olhar.
É... pode ser que Page e Plant tinham razão:
É alguém que nunca nasceu.

Danielle do Carmo

domingo, 24 de abril de 2011

Votos a um amigo.

Te desejo mais 4 vezes mais a idade que vc tem hoje.
Ou 6 vezes mais...Dependendo do quanto vc quer viver.
 
Mas o que eu te desejo mesmo:
É juventude apesar a idade.
É liberdade apesar das circunstâncias
E alegria apesar das adversidades
 
Esse são meus votos de aniversário pra você.

Danielle do Carmo

Brincando Com Nossos Pés

Tudo bem, eu sei. Sei que talvez mereça flores do mal no meu funeral.
Mas também sei que quando estava por ai deixei flores por onde passei.
Algumas floreceram.
Outras esmoreceram.

Eu sei. Se pudesse voltar antes de escolher pegar aquele avião e escutar aquela canção.
A vida talvez continuaria. Mas nunca vamos saber.

Tá bem, eu sei que lágrimas deixei escorrendo por ai.
Tentei estanca-las com a mão. Assim como se faz quando o sangue escorre de um peito ferido.
Mas sei que elas ainda escorrem pelo chão.

A coisa é que, o destino não está nas nossas mãos.
Ter controle é só uma ilusão.
Ele sai pela nossa vida, nos arrebatando dos planos, do chão, do mundo...

A contingência está por ai, brincando com nossos pés.

Danielle do Carmo

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Descompasso

Sei que ando parada
Descompassada
Ainda vagando de vagão em vagão.

Sei que ando meio perdida
Desiludida
Esperando o trem que não saiu da estação.

Tem dias que estou por aqui e outros não.
Tem dia que falo com os presentes e também com os que já não estão.

Mas creio que tudo isso é apenas uma gestação
Uma transição
Uma mudança de posição.

Enquanto isso espero por um milagre
Uma poção ou uma bendição.

Há tantas saídas fora da estação
e pra lugar nenhum é sua direção.


Danielle do Carmo

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Auto - Retrato

-E essa ai na foto... Quem é?
-Sou eu, ou melhor, fui eu.

Fui eu quando ainda só era um óvulo da minha mãe.
Esses olhos - de quem vive preocupada com o futuro
Já o cabelo, não. Cabelos rebeldes de quem busca liberdade.
Os meus sempre foram lisos. De alguém que tenta esconder a rebeldia.
-E essa cara de emburrada? É sua?

Sabe que não... eu sempre escondi meu descontentamento atrás de um sorriso.
Pode até ser que na aparência, eu e minha mãe somos muitos diferentes.
Quando era mais jovem eu queria ser diferente dela.
E sempre achei que seria.
Mas com os anos ao me ver no espelho de relance, vejo ela em meu reflexo.
Pode ser o reflexo da alma.

E quer saber de uma coisa... por mais que eu não tenho herdado sua feições.
Herdei os melhores traços de sua personalidade, os ruins também...
Mas no fim das contas...tenho orgulho de quem sou e ainda mais de quem me deu de presente o meu ser.

Danielle do Carmo

domingo, 17 de abril de 2011

Within Bounds

Foto: Roberto Moreira
Afinal, quais são os limites?
Limites entre a sanidade e loucura.
Entre bem e o mal.
Entre a ajuda e o dano.
Entre a reserva e a abertura.
Entre o telefonema e a hora certa.

Afinal, quais são os limites do amor?
Do que pode ser feito ou não.
Do que pode ser dito e ocultado.
Do espaço entre um e outro.

Afinal, quais são os limites dos relacionamentos?
Até onde podemos demostrar os sentimentos ou esconde-los?
Como saber onde começa e termina os limites de alguém?
E mesmo se soubermos, como nos controlar para respeitá-los?

Espero que alguém um dia escreva um manual para isso.
Não sabemos lidar com a vida, nem com nós mesmos e muito menos com o outro.
O outro, tão igual e diverso a nós mesmos.

Somos tão contraditórios que isso me faz pensar que o mundo realmente é caótico.
As coisas acontecem por sorte ou por azar.
E pelo visto, ninguém está apto a jogar.


Danielle do Carmo.

sábado, 16 de abril de 2011

Olvido

Imagem: Danielle do Carmo
E a saudade fica nas entrelinhas
Subentendida entre sapatos de tango.
Estampada na miragem de edifícios.
Fica lá... sentada no banco de veludo cor de vinho do metrô.
No rosto de um apaixonado embriagado
Que carrega as malas de quem vai partir.
Fica na espera da volta.
Na espera daquele café.
Mas sobretudo fica no medo do desencontro.
Do passar do tempo.
E do esquecimento...
                             ...da própria saudade.

Danielle do Carmo

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Precisava ser tão alto?

Acordei em um beco sem saída.
Olhei pra um lado... olhei pro outro.
Muralhas em formas de muros de concreto armado.
Joguei na Loto, na Mega, na Quina.
Rezei cinco Pai-Nossos e dez Ave Marias.
Chamei meu guia, anjo da guarda ou sei lá que nome ele tem.
Falei com seis amigos.
Sentei no meio-fio e esperei... até ficar sem ar.
E me perguntei : "Mother, did it need to be so high?"

Danielle do Carmo

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Fragmento

- Pai, o que é felicidade?
- Uai filho... deixa eu pensar...
- Pai, vc é feliz?
- Não sei... e vc? É feliz?
- Também não sei... não sei o que é felicidade.
- Vem cá, me dá um abraço.
 E ficaram abraçados por um longo momento.
E nesse momento... descobriram o que é felicidade.
Ou pelo menos, um fragmento dela.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tudo floresce

Foto e tratamento: Danielle do Carmo
Levei uma leve batida no rosto...devido a uma brincadeira levemente infantil.
Só que o sangue insiste em escorrer pela minha boca.
Meu sangue vital...vermelho como uma rosa...me lembra que estou viva.
E uma lágrima toma forma de flor.
O que resulta disso é que , outra vez, me lembro que a dor faz parte da vida.
E que no fim tudo floresce.


Danielle do Carmo

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um dia perdido

E quem nunca perdeu um dia?
Salvador Dalií
Atrazou o relógio.
Perdeu a fome.
Deixou o trem.
Pulou do dia 9 ao 11 sem se dar conta
Viveu nos sonhos as coisas do dia-a-dia

O lado onírico da vida parece tão atrativo...

Mas viver de sonho não dá...definitivamente.
É melhor acordar com dor de cabeça do que dormir eternamente.
Porque, cá pra nós... muito cuidado ao dormir.
O deus Hipnos é irmão de Thanatos.... e por via das dúvidas....
É melhor nem fechar os olhos.... vai saber né.
Enquanto não sei o que tem do outro lado, é melhor ficar quietinha por aqui mesmo.

Danielle do Carmo

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O brinco

Foto e tratamento: Danielle do Carmo
Ontem, perdi meu brinco favorito.
Um amigo querido
Meu isqueiro.
Perdi meu rumo.
Um amor tranquilo.
 Perdi também aquela flor que eu costumava colocar no cabelo.
E agora tento me convencer que perder é bom.
Que são as pequenas perdas que nos prepara para as grandes.
Será que é assim mesmo?

Danielle do Carmo

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Bom dia, flor do dia!

Foto: Danielle do Carmo
Com o dia nasceu uma flor.
E no caminho verde quase não havia nenhuma.
Busquei até encontrar...
E só achei uma mergulhada num copo de água.
Linda... se refrescando baixo ao sol.

Danielle do Carmo

terça-feira, 5 de abril de 2011

Boas Notícias

E aquela que estava no fundo do mar emergiu a superficie.
Retirando-me do mar a dentro pelos cabelos.
Pude sentir o sol tocar meu rosto novamente.
Agora respiro e vejo a beleza do céu que reflete no mar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O que fica do dia.

foto: Danielle do Carmo
Como seguir o caminho sem ter um mapa?
Sem saber como chegar, ou onde vamos chegar?
Para isso deve-se aguçar os sentidos: Visão, audição, tato, paladar e olfato.
Aprendrer a olhar além do que se vê.
Escutar aquilo que só pode ser ouvido pelo coração.
Sentir na pele pela respiração.
Saborear cada pôr e nascer do sol.
E cheirar as flores do canteiro mais próximo.
Como sobreviver sem um mapa da vida?
Com criatividade e percepção...
foto: Danielle do Carmo
O mapa da vida, nós mesmo o escrevemos.
Com nossos passos, sentidos, sentimentos e emoções.

Dia após dia.

Ontem saí de casa com o peito aberto e jaqueta de couro... queria sentir a tempestade.
Mas ela parou, deixando apenas registros de momentos que se evaporaram com o sol.
Aqui deixo "lo que queda del día":

Danielle do Carmo

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Espantando os fantasmas do dia.

Não tenho o que escrever
Mas mesmo assim teimo em tentar
Enquanto tomo meu café
Escrevo para espantar os fantasmas que nascem com o día.

Danielle do Carmo